É muito frequente no rock/pop a citação a lugares e referências geográficas, seja em nome de canções ou de bandas. Há fartos exemplos – Kansas, U.K., Asia, America, Europe, etc. No rock progressivo há uma profusão de músicas que referenciam lugares – países, cidades, acidentes geográficos, parques, rios e lagos, etc. – e nesse humilde top 10 relembramos algumas delas. O leitor é encorajado a colocar outras que lembre nos comentários.

10º Quella Vecchia Locanda – Villa Doria Pamphili [1974]

O QVL foi uma banda italiana de boa repercussão dentro do movimento progressivo do país. Em 1972, um grande festival de rock aconteceu nos arredores da Vila Doria-Phampili, com o nome de Festival Pop de Villa Pamphili e o QVL era uma das atrações; o público estimado foi de cerca de 100.000 pessoas, tendo além de bandas italianas a presença dos grupos ingleses Van der Graaf Generator, Hawkwind e Hookfoot. Na época, o QVL tinha lançado seu primeiro disco. Em 1974 uma nova edição do festival ocorreu lá, bem como um novo disco do QVL, cuja faixa de abertura homenageia o local, com toda a peculiaridade do progressivo sinfônico italiano. A Villa Doria-Phampili é um parque, com um belo conjunto arquitetônico localizado nos arredores de Roma. A propriedade já existia desde 1630 e foi sendo incrementada após ter sido adquirida pela família Doria-Phampili.

9º Atoll – Paris C’est Fini [1977]

A cidade mais visitada do mundo, conhecida como cidade luz, dá nome a muitas músicas de muitos estilos. Dentro do progressivo, outros dois exemplos seriam possíveis, com os ingleses do Curved Air (“Paris by Night”, uma instrumental só com piano e violino) e com os alemães do Pell Mell (“Paris the Past”), mas ninguém melhor que seus compatriotas para retratá-la com fidelidade. “Paris C’est fini” é a faixa de abertura do terceiro disco da banda francesa Atoll, que conta com uma introdução empolgante e um trabalho instrumental embasbacante.

8º Alas – Buenos Aires es solo Piedra [1976]

O grupo argentino Alas resolveu usar a capital de seu país como tema para a suíte de abertura de seu primeiro disco, lançado em 1976. A instrumentação frenética e variada do Alas, contando com os teclados nervosos de Gustavo Moretto, inclui muitos elementos como o tango, música folclórica argentina e experimentação embaladas em uma abordagem ELPiana.

7º Etna – Across the Indian Ocean [1975]

Uma escolhe que abrange simultaneamente o conceito da lista no nome da banda e no nome da música. O nome da banda vem do famoso vulcão (ainda ativo) localizado na Itália e na música, temos referência ao Oceano Indico. O Etna é um grupo de fusion instrumental, cuja origem remonta ao grupo de hard/prog rock Flea. Infelizmente gravaram apenas um único disco em 1975, com uma música vibrante e muito rica instrumentalmente. A faixa em questão tem em seu início percussões e um ar de mistério, fazendo um groove que remete a uma intrépida embarcação rasgando o espelho d’água.

6º Mahavishnu Orchestra – Thousand Island Park [1972]

Faixa do clássico álbum Birds of Fire, que representou o prematuro ocaso da primeira formação da Mahavishnu Orchestra, com Billy Cobham, Jan Hammer, Jerry Goodman e Ricky Laird. A canção instrumental é um belíssimo encontro entre violão, piano e baixos acústicos, sem bateria, e é uma espécie de “oásis” no meio da fusão furiosa que a banda desenvolve nas demais faixas do disco. O título da música é inspirado em uma vila fluvial do St. Lawrence River, que pertence a cidade de Orleans, no estado de Nova Iorque, EUA. O lugar bastante aprazível e bucólico foi fundado em 1875 e ainda hoje permanece com menos de 1000 residentes fixos.

5º Aphrodite’s Child – Aegian Sea [1972]

O mítico album “666” faz a referência ao mar Egeu, porção do Oceano Indico situada entre a Grécia (país de origem do Aphrodite’s Child) e a Turquia. A música é uma viagem alucinante e poderia perfeitamente fazer parte do repertório do Pink Floyd, pela construção maravilhosa de climas e instrumental introspectivo. Os mágicos teclados de Vangelis são pontuados com precisão pelo baixo de Demis Roussos e a guitarra lisérgica de Silver Koulouris. A letra da música, desenvolvida por Costas Ferris, é apenas declamada e não cantada; contudo, ela não faz referências ao mar e sim ao imaginário apocalíptico do fim do mundo e da salvação das almas.

4º King Crimson – Asbury Park [1975]

Apesar do nome, Asbury Park não é um parque, mas sim uma cidade do estado de Nova Jersey, nos EUA. Pequena cidade litorânea, é local muito visitado pelos nova-iorquinos, com um amplo calçadão a beira-mar repleto de restaurantes. A música do King Crimson, contudo, é antagônica ao clima de entretenimento familiar que o local sugere. “Asbury Park” não possui registro em estúdio, apenas a versão ao vivo no disco USA (o que atende duplamente o propósito desse Top 10), lançado em 1975, contendo registros da turnê americana da banda no ano anterior, na clássica formação em trio – Fripp-Wetton-Bruford, acrescida de David Cross em alguns momentos. O nome da faixa, na verdade, foi dado genericamente, baseado em um show que a banda fez no local na época (em junho de 1974). Como os shows do King Crimson eram repletos de improvisos instrumentais, um deles foi aproveitado e batizado com o nome da cidade. John Wetton ataca com violência seu baixo e Fripp voa na psicodelia.

3º Khan – Driving to Amsterdam [1972]

Banda de vida curta capitaneada pelo fantástico guitarrista Steve Hillage, o Khan gravou apenas um único disco – um belo exemplar do rock progressivo inglês do início dos anos 70. No lado B do álbum encontra-se a bela “Driving to Amsterdam”, inspirada em alguma viagem para a capital dos países baixos. As variações de ritmo e andamento remetem o ouvinte a variedade de paisagens que pode se esperar em uma longa viagem de carro; a letra também contribui para inserir o ouvinte dentro das belas paisagens européias. Steve Hillage e o tecladista Dave Stewart apresentam, no miolo da música, uma intricada sessão de solos alternados.

2º Rush – Lakeside Park [1975]

O baterista Neil Peart morou em diferentes cidades canadenses durante sua infância e adolescência. Uma delas era St. Catherines, na província de Ontario. Nos subúrbios dessa cidade, encontra-se o aprazível Lakeside Park, um parque que fica as margens do Lago Ontario. Neil Peart residiu alguns anos bem perto dali e escreveu uma letra com suas lembranças do local. Durante a adolescência, Peart conseguiu um emprego na temporada de verão do parque, que naquela época fervilhava com um amplo espaço para diversão das crianças. Peart aproveitava para se divertir, passando longos momentos rindo das crianças na cama elástica e acabou sendo demitido em pouco tempo. A música “Lakeside Park” está contida no álbum Caress of Steel, que não foi bem comercialmente na época de seu lançamento, mas se tornou um clássico dentro da vasta discografia do trio. “Lakeside Park” esteve no repertório da banda em seus shows durante muitos anos.  

1º Focus – La Cathedrale de Strasbourg [1974]

A homenagem a imponente Catedral de Nossa Senhora de Estrasburgo, na região da Alsácia, na França, está contida no álbum Hamburguer Concerto do Focus. A imponência do edifício é retratada com a rica instrumentação do Focus, com piano, órgão de tubo, vibrafone, guitarras, e até assobios! A Catedral é uma das principais atrações da parte histórica de Estraburgo e impressiona os visitantes pelos seus muitos metros de altura. Sua construção se concluiu em 1439 e até 1880 era o edifício mais alto do mundo. Atualmente, é a quarta igreja mais alta do mundo.


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