Eloy Fritsch é um dos maiores nomes da teclas progressivas no Brasil. Tal reputação foi atingida tanto por seu trabalho junto ao longevo grupo Apocalypse quanto por seus diversos trabalhos solo. Somados, são quase 30 álbuns nos quais, sua técnica, estilo e toda sua bagagem de conhecimento (Eloy também leciona música na Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ficam evidentes.

Seu mais novo álbum, Journey to the Future, traz uma elevada riqueza musical já que aponta igualmente para a vertente sinfônica, para a experimentação e até mesmo para uma linguagem mais pop da música eletrônica. O trabalho foi lançado pelo selo holandês Groove Unlimited, especializado em música eletrônica e o lançamento foi acompanhado de um show realizado no Planetário de Porto Alegre, em dezembro de 2019.  

Fortemente calcado na influência de Vangelis, o disco abre magistralmente com duas peças de orientação sinfônica – A Place Beyond the Clouds e Eternal, ambas com temas memoráveis, arranjos portentosos e clima de trilha sonora futurista. Uma paisagem plácida é lindamente imaginada em Blue Diamonds on the Water, com um arranjo dinâmico e surpreendente. Dance of the Spheres é um dos destaques do disco, por se alternar entre as sequências que fazem a base e as diversas linhas de sintetizadores solo; sua seção rítmica é própria do que se esperaria de uma boa banda de fusion e até um Fender Rhodes é utilizado com maestria em seu miolo. A climática e progressiva Hypnosis é outro destaque, pelos solos acompanhados por uma poderosa base de bateria e de baixo. O disco encerra com a surpreendente Electric Brain, uma faixa que brinca com a atenção do ouvinte, pelo ritmo pouco convencional e pela fantástica anarquia promovida pelos sintetizadores.

Pode se esperar que um trabalho de progressivo eletrônico seja calcado sobre seqüenciadores e bases que se repetem ad infinitum, nas quais texturas vão sendo desenhadas. Não é bem o caso de Eloy Fritsch; seus discos tem um leque amplo de idéias e sua técnica lhe dá um enorme vocabulário para usar sua maquinaria de teclados em prol de uma música muito criativa e variada. Apesar do álbum ser executado quase inteiramente por teclados, a amplidão de sons e texturas é muito grande e apenas um músico de alta desenvoltura técnica consegue oferecer um resultado musical de tanta qualidade a partir delas.


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