No final de 1975, o Camel experimentava um sucesso inesperado com seu último álbum, (Music Inspired by) Snow Goose. O álbum era conceitual e 100% instrumental; mesmo nessa condição desfavorável para os padrões radiofônicos, o álbum ocupou a 22ª posição entre os mais vendidos na Inglaterra e rendeu aparições de grande audiência na BBC. A conceituada revista Melody Maker, em votação feita pelos leitores, apresentou o grupo como campeão da categoria “Brightest Hope” entre os melhores daquele ano.

O panorama animador gerou pressão por parte da gravadora da banda, a Decca, que queria aproveitar o bom momento do grupo para lançar um novo álbum. Além disso, era importante que o álbum pudesse também ter bom desempenho nas paradas de singles, o que demandaria músicas com vocais. Ainda que artistas como Mike Oldfield, Focus e o próprio Camel já tivessem demonstrado o potencial da música instrumental, desde sempre a música com vocal é que gera maior conexão com o público (o que significa, potencialmente, mais vendas) e esse sempre foi o “Calcanhar de Aquiles” da banda.

Nenhum dos membros do grupo (Andy Latimer, Peter Bardens, Doug Ferguson e Andy Ward) se considerava um vocalista e nem tampouco habilidoso para escrever letras de músicas. Isso colocava a banda em uma posição bastante desconfortável frente a outros pares, como Caravan, Genesis, ELP, Jethro Tull, dentre outros. Contudo, era exatamente a barreira a ser vencida, já que esses grupos estavam experimentando certo declínio enquanto o Camel vinha em trajetória ascendente.

Tendo a premissa de trabalhar em canções orientadas para vocais, o processo de composição do novo álbum ficou a cargo da dupla Latimer-Bardens. Os dois músicos se retiraram em uma casa de campo e começaram a trabalhar no novo material; uma das primeiras coisas que surgiram foi o nome do álbum, enquanto papeavam olhando a lua. Essa idéia acabou perpassando todo o álbum, ainda que o disco não fosse conceitual. A faixa de abertura, Aristillus, foi batizada por sugestão de Peter Bardens a partir do nome de uma cratera lunar. O processo de composição durou 3 semanas no final de 1975 e a dupla saiu de lá com o material que viria a integrar o álbum Moonmadness, o quarto disco do Camel.

Logo em seguida, na virada do ano, já se iniciava os preparativos para a gravação de Moonmadness. A gravação ocorreu no mesmo estúdio em que foi gravado Snow Goose, o Basing Street Studios. A produção ficou a cargo de Muff Winwood (irmão de Steve Winwood, do Traffic) e do engenheiro de som Rhett Davis, que já havia trabalhado com Brian Eno e outros artistas do cast da Island Records. O álbum foi gravado em pouco tempo, entre janeiro e fevereiro de 1976. A pressa da Decca era tal que em março Moonmadness já estava na praça. A capa de Moonmadness foi desenvolvida pelo designer gráfico John Field e, para promover a tour do álbum, a banda ganhou um logotipo desenhado pelo renomado artista gráfico David Anstey, que dentre muitos trabalhos, desenhou a capa de Days of Future Passed do Moody Blues.

A banda havia entendido o recado e se esforçou para colocar vocais nas canções, ainda que predominasse o domínio instrumental do grupo em poderosas faixas como “Chord Change” (cujo título brincava com as freqüentes mudanças de humor de Peter Bardens) e a apotética “Lunar Sea”. Contudo, faixas vocais como “Song within a Song”, “Spirit of the Water” e “Air Born” marcavam presença de forma maciça, unindo a competência instrumental com um raro senso melódico. A banda também soube trabalhar bem sua fragilidade, utilizando efeitos nas vozes e mantendo os arranjos de forma equilibrada com as possibilidades vocais de seus músicos.

O álbum foi o maior sucesso da banda até então – superou a marca de Snow Goose na Inglaterra, atingindo o número 15 da parada de álbuns, e teve boa performação nos charts da Holanda, Suécia e Espanha. Nos EUA a repercussão não foi tão positiva, atingindo apenas a 118ª posição no top 200 da Billboard. O Camel então consolidou uma posição de protagonismo no cenário progressivo da segunda metade dos anos 70.
Não conhecia o site, apesar de ser fã de progrock há uns 20 anos. Tenho certeza que passarei algumas boas horas nos fins de semana vasculhando as gavetas daqui. Abraço!
Legal, Rodrigo! seja bem vindo e desfrute da programação do nosso site! Abraço!
Álbum maravilhoso. Composições fantásticas, melodia e letras que remetem ao espiritual. Muita inspiração. A capa, linda, confirma a intenção, merece um quadro na parede. Não canso de tocar a flauta das músicas.
Adoro esse álbum. Apesar de não ser conceitual, fica a frente do Snowgoose, ao meu ver. Excelente site! Vasculharei mais.