O Yes vinha no embalo de seu primeiro lançamento de sucesso, o Yes Album, gravado no fim de 1970 e lançado no início do ano seguinte. Este álbum atingiu o 4º posto nas paradas britânicas de álbuns e o 40º lugar nos EUA. O compacto com Your Move também se destacou na parada da Billboard. Em julho de 1971 estava encerrada a tour de promoção deste álbum na Inglaterra e, depois de uma pequena pausa, a banda retomaria os ensaios para a produção de um novo álbum.

Em agosto daquele ano, um clima de tensão se instalou entre as lideranças do grupo (Jon Anderson e Chris Squire) e o tecladista Tony Kaye, que relutava em adotar outros teclados além de seu indefectível órgão Hammond. Os demais músicos queriam ampliar o leque sonoro da banda e essa postura antagônica de Kaye gerou a semente de sua demissão do Yes. Rapidamente, os músicos se mobilizaram para encontrar um substituto que pudesse dar o salto almejado. Rick Wakeman então foi sondado para o posto – na ocasião ele integrava o Strawbs, além de fazer trabalhos como músico de estúdio.

Rick Wakeman, que era um jovem entusiasta tanto da música erudita quanto das novas possibilidades trazidas pelos teclados eletrônicos da época, tinha formação clássica em piano. No mesmo dia em que recebeu o convite para ingressar no Yes, também recebeu uma ligação de David Bowie para integrar sua banda de apoio. Wakeman já havia trabalhado em estúdio com Bowie, mas optou pelo Yes, considerando o potencial de liberdade artística que o grupo tinha como premissa. Para o Yes, tudo parecia perfeito com o aceite do convite – Wakeman era um músico virtuoso e sabia como manejar o arsenal de teclados que o Yes queria incorporar em seu som.

Sem mais delongas, os ensaios para finalizar as composições e arranjos do novo álbum foram retomados em ritmo intenso. Em seu primeiro ensaio com o grupo, Wakeman já deu contribuições para a estrutura da faixa “Roundabout”. A banda entrou no Advision Studios (um dos melhores estúdios londrinos da época) com tudo já definido em setembro de 1971, sob a batuta de Eddy Offord, que dividiu a produção executiva do álbum com a banda. O nome do álbum veio por sugestão do empresário Brian Lane. Contudo, o baterista Bill Bruford afirmou que a sugestão do título veio dele, já que a banda era “quebrável” na ocasião.

A concepção do álbum envolvia 4 músicas longas desenvolvidas conjuntamente por todos os músicos e, por sugestão de Chris Squire, pequenas peças individuais dos 5 músicos preencheriam o restante do álbum. Essa abordagem, segundo o baixista, visava economizar tempo e dinheiro para adquirir modernos teclados para Rick Wakeman usar na nova tour que seria preparada para promover o álbum. Segundo Bruford a realização dessa idéia gerou muita discussão no seio do grupo, e Wakeman considerou a importância disso para os novos ouvintes do grupo entenderem um pouco da contribuição de cada um para a música do conjunto. Porém, tudo foi feito muito rápido, considerando o talento e o entrosamento dos envolvidos. O álbum foi gravado em setembro e seu lançamento ocorreu no dia 26 de novembro de 1971 na Inglaterra.

Musicalmente, a maturidade musical do Yes havia sido atingida. O virtuosismo de seus músicos encontrou uma rara coesão, com músicas cheias de momentos icônicos e passagens cativantes ao longo de todo o álbum. As 4 faixas principais do conjunto estão, desde seu lançamento, no restrito altar das maiores jóias do estilo progressivo – Roundabout, South Side of the Sky, Long Distance Runaround e Heart of Sunrise. Já as outras 5 vinhetas trazem momentos interessantes e exóticos, seja pelas pretensões eruditas de Wakeman e Steve Howe em seus números, quanto pela experimentação com diversas camadas sonoras nos números de Jon Anderson e Chris Squire ou ainda pela loucura limitada de Bill Bruford e os poucos segundos de sua Five Percent for Nothing. O acréscimo de mellotrons e sintetizadores nas músicas da banda realmente trouxe o efeito desejado por Anderson e Squire, dando ao Yes uma magia incomparável. Não à toa, o grupo passou a ser uma das mais poderosas influências para qualquer grupo progressivo a partir dali.

A arte da capa e do interior do álbum também foi outro ponto de destaque, já que foi em Fragile que se estabeleceu a parceria longeva do Yes com o artista gráfico Roger Dean, da qual ambos se beneficiaram mutuamente. Dean entendeu perfeitamente como a arte gráfica poderia se casar com as paisagens sonoras que o Yes desenhava e o Yes, musicalmente, passou a incorporar aquela linguagem visual ficcional nos álbuns que se sucederiam. O álbum chegou ao mercado com recepção calorosa da mídia especializada, que louvava a capacidade de inovação do Yes em realizar uma música ao mesmo tempo virtuosa e apreciável. Também em termos de vendas o álbum foi bem sucedido, atingindo o 7º lugar na parada inglesa e um surpreendente 4º lugar nos EUA. Essa posição foi alcançada apenas em janeiro de 1972, já que atrasos na produção e distribuição fizeram o álbum chegar só no ano seguinte na América. Mas o feito mais incrível de Fragile foi ter chegado a 13º posição com o compacto contendo uma versão editada de Roundabout e Long Distance Runaround. Em abril daquele ano o álbum atingiria a marca de disco de ouro e os dois lados do Atlântico já estavam rendidos ao som progressivo do Yes.

Ao longo dos anos, esse álbum tem inspirado gerações de músicos interessados na linguagem progressiva e já ultrapassou a marca de 2 milhões de cópias vendidas.


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