Rankings e listas no meio musical são sempre muito polêmicas e não poderíamos deixar de entrar nessa! Teremos então uma série de listas sobre nosso amado estilo progressivo e, para apimentar ainda mais a discussão, o top 10 será colocado em ordem de importância (do 10º ao 1º). É preciso que o leitor entenda que em uma lista de 10 selecionados sempre haverá muito mais coisa digna de estar dentro do que fora da lista. Mas os comentários estão logo abaixo para que o leitor faça a justiça que considerar cabível com aquilo que ficou de fora! Para abrir a seção, selecionamos 10 passagens icônicas dos sintetizadores em performances ao vivo ao longo dos anos 70 – sejam eles Moogs, ARPs, Oberheims, etc. O leitor é convidado a fazer também seu ranking nos comentários e incrementar nossa discussão. 

10º – Uriah Heep – Gypsy [Live 1973]

Ken Hensley ficou muito conhecido pelo manuseio preciso e com muita distorção do órgão Hammond, mas no clássico disco ao vivo de 1973 ele tinha no palco também um sintetizador Moog e fez um solo endiabrado na longa versão de Gypsy. O próprio Dave Byron anuncia no início da canção a presença do sintetizador e Hensley não deixa por menos, introduzindo seu solo com um riff épico. A timbragem fantasmagórica e as modulações que ele aplica, acompanhada da bateria de Lee Kerslake, deixam o ouvinte embasbacado.

9º – Premiata Forneria Marconi – Cleveland Keyboard Jam [10 Anni Live – 1973]

Na primeira tour americana dos italianos do PFM, era comum a banda fazer longos improvisos instrumentais. Na compilação 10 Anni Live, lançada em 1996, um dos discos é dedicado a retratar a passagem da banda pelos EUA em 1973. E uma das faixas tem o sugestivo título de “Keyboard Jam”. Trata-se de um número instrumental conduzido magistralmente pelo tecladista Flavio Premoli, no qual ele se divide entre o Minimoog e o Fender Rhodes. A cozinha da banda faz um acompanhamento primoroso para os vôos de Premolo naquele palco em Ohio.

8º – Argent – Thunder and Lightning [Encore – In Concert 1974]

Rod Argent é outro tecladista muito conhecido por suas performances no Hammond, mas em 1974 ele abraçou os sintetizadores e, como esperado, fez trabalhos espetaculares. O Argent na época divulgava o disco Nexus, seu trabalho mais progressivo até então. No final da poderosa faixa em questão, Rod Argent faz um solo simples, porém muito preciso e que se encaixa com perfeição na energia da canção, seja pela melodia que executa ou por sua sonoridade espacial. No final, o sintetizador acompanha o riff secundário da canção e arremata a performance solenemente.  

7º – U.K. – In the Dead of the Night [Night After Night – 1979]

Eddie Jobson se destaca pelo virtuosismo e pela versatilidade neste trabalho ao vivo do U.K. É impressionante como o tecladista alterna sonoridades com perfeição no meio das músicas. Na faixa citada ele faz a base com um sintetizador polifônico e dá verdadeiros rasantes ao solar. Seu solo alterna trechos bastante melodiosos e outros de grande velocidade e complexidade. A batida conduzida por Terry Bozzio e John Wetton é uma preciosidade e permite que Jobson mostre seus dotes com tranqüilidade. A saída do solo tem o fechamento ideal para se encontrar com o tema da canção. 

6º – Mutantes – Rio de Janeiro [Ao Vivo – 1976]

A formação dos Mutantes na época contava com um jovem entusiasta (e também pioneiro) dos sintetizadores no Brasil, o tecladista Luciano Alves. Não apenas exímio como músico, Luciano Alves dominava todas as possibilidades dos sintetizadores Moog e trabalhava com uma série de efeitos acoplados a ele. Na faixa instrumental Rio de Janeiro, a abertura surge bem sinfônica, sucedida por uma base rápida e um solo digno dos maiores nomes do fusion mundial, com frases ligeiras e muito bem intercaladas com a base. A se lamentar apenas que o disco foi retalhado em estúdio (a faixa termina com um fade-out após curtos 2 minutos), o que não nos permite afirmar com certeza qual a direção que ela adotaria. Contudo, trata-se de uma fantástica intervenção de sintetizadores no rock do período.

5º – Curved Air – Everdance [Live – 1975]

Considerado por muitos fãs como o melhor disco do Curved Air, este disco ao vivo é realmente um petardo, capturando a banda com um peso e uma energia que os discos de estúdio da banda não tinham alçado. Tendo dois instrumentistas se revezando nos teclados (Darryl Way e Francis Monkman), a faixa Everdance em seu miolo conta com um solo bastante lisérgico feito por Monkman, que abusa das modulações e de toda a psicodelia possível de ser extraída do instrumento em pouco mais de 1 minuto. Na sequência, o sintetizador duela com o violino de Darryl Way em um típico interlúdio sinfônico, rememorando a faixa Vivaldi.

4º – Jeff Beck with the Jan Hammer Group – Darkness/Earth in Search of the Sun [Live – 1977]  

Esta faixa é quase que 100% sintetizadores. O genial Jan Hammer foi revelado pela Mahavishnu Orchestra e também foi um dos pioneiros na introdução dos sintetizadores na linguagem do jazz-rock. A faixa Darkness foi lançada originalmente em seu álbum solo, The First Seven Days, de 1975. No palco, a faixa foi executada em parceria com outro genial músico, Jeff Beck, que aplica sua guitarra em sua segunda metade. O começo é introspectivo e misterioso, para depois explodir em um ritmo cadenciado com um riff cativante, no qual Hammer aplica os vibratos e os bends que o tornaram célebre. Nenhum tecladista ou interessado pelo instrumento pode prescindir de prestar honras a uma faixa como essa.

3º – Genesis – The Cinema Show [Seconds Out – 1977]

Tony Banks tem a peculiaridade de ser um “compositor” de solos. Diferentemente de boa parte dos tecladistas, que se valem de técnicas de improvisação na hora de solar, Banks prefere construir suas idéias e aplicá-las ao vivo tal qual nos álbuns de estúdio. Contudo, o que o coloca na primeira ordem dos tecladistas é que ele era exímio neste ofício e executava seus solos sempre com perfeição nos palcos, como se pode atestar ao longo de mais de 2 minutos de solo na obra-prima que é The Cinema Show. Vale ressaltar a presença das baterias de Phil Collins e Chester Thompson, que dão ainda mais tempero nas frases melodiosas e marcantes de Banks no solo deste álbum, construindo um momento riquíssimo de climas e intenções.

2º – Emerson, Lake and Palmer – Hoedow [Welcome Back My Friends to the Show that Never Ends – 1974]

Em um dos vídeos do ELP disponíveis no Youtube tocando Hoedow, um usuário certa vez comentou: “Keith Emerson toca mais rápido do que eu sou capaz de ouvir!” A frase, apesar de engraçada, tem um tanto de verdade. A faixa, que já era veloz em estúdio, ficava ainda mais anabolizada quando tocada ao vivo. E o virtuosismo de Keith Emerson fica cristalizado nela. Além das toneladas de notas aplicadas em seu Hammond, a passagem do órgão para o sintetizador é feita de forma magnânima, com o glide e as modulações, até descambar em uma sequência complicadíssima de notas. Mais do que mero virtuosismo, Emerson era musicalidade pura e sabia perfeitamente como manejar aquelas máquinas todas em prol de uma música ousada, visionária e absurdamente empolgante.

1º – Yes – Starship Trooper [Yessongs – 1973]

Rick Wakeman, a despeito de toda sua técnica e criatividade, tinha uma forma única de extrair sons de seu sintetizador Moog no período áureo de sua carreira solo e no Yes. Além do timbre, a forma precisa como ele aplicava os efeitos e combinava os diferentes formatos de onda é marcante para 10 entre 10 fãs de rock progressivo. A faixa aqui destacada nem tem solo de sintetizador em sua versão original, o que torna ainda mais meritório o feito de Wakeman. A tensão vai sendo construída com a guitarra e o baixo até desaguar na velocidade e no impacto que Wakeman imprime com seu minimoog, como se fosse um nave espacial pousando na Terra. É um solo de apenas de 30 segundos, mas não precisaria de nenhuma nota a mais, pois é simplesmente perfeito.  


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