Samurai of Prog: um nome peculiar para uma banda bastante peculiar. Formada pelo baixista, compositor e crítico musical finlandês Marco Bernard, o grupo possui um núcleo fixo constituído pelo violinista/guitarrista norte-americano Steve Unruh e pelo também finlandês Kimmo Porsti, baterista. Completam o line-up uma variedade de músicos de diversas nacionalidades que variam de faixa a faixa (bem como de disco em disco) o que atesta a multilateralidade da banda. Cada lançamento da banda tem acima de 10 convidados.

De 2011 para cá, a banda já gravou 5 discos de estúdio, o que a coloca em uma média de grande atividade. Archivarium, lançado em fevereiro último, é o sexto e traz a tona composições que, como o nome sugere, foram preteridas em lançamentos anteriores. Apesar de ouvintes mais experientes colocarem um pé atrás quando este tipo de estratégia aparece, Archivarium não se trata de material de menor qualidade diante do que a banda já gravou.

A abertura é explosiva e embasbacante – Keep the Ball Rolling tem tudo o que 10 em 10 fãs de rock progressivo gostam de ouvir: riqueza de variações, passagens instrumentais alucinantes, uma sonoridade refinada e energética. Uma faixa que seguramente ocupa o pódio do que melhor se gravou em termos de rock progressivo em 2018; se o álbum ficasse por aí, já teria valido a pena. Ainda que deva se evitar comparações, é como se fosse um reflexo da Esperanto Rock Orchestra no século XXI. Já Ahead of Fortune tem uma pegada mais contemporâneo com belos acompanhamentos de violão e linda presença do violino. La Oscuridad a faixa seguinte, traz a guitarra caminhando junto com o violino em uma faixa bem densa, que dá espaço para sintetizadores, piano e flauta. Cristalli tem a presença marcante de Stefano Galiffi, vocalista do Museo Rosenbach e Il Tempo delle Cresside – ou seja, a dramaticidade do progressivo italiano deixa seu selo no álbum. Elitropia é um púlpito de variações e mostra a mesma faceta irreverente presente em trechos de músicas do Genesis, do Gentle Giant ou Jethro Tull. The Sleeping Lover dialoga com Ahead of Fortune e From This Window tem aquele jeitão de suite, como se fossem muitas músicas condensadas em uma única faixa. Já a lenta Ice tem lindas passagens de sintetizador e um solo épico de violino em seu encerramento. A despedida é simpática e minimalista, com o piano leve de Predawn.

O disco é longo (tem cerca de 70 minutos) mas repleto de passagens interessantes e construções já consagradas no rock progressivo, que não devem ser preteridas pelos apreciadores do estilo antenado nas novidades. Foi lançado apenas em CD e nas plataformas digitais até o momento, pelo pequeno selo local Seacrest.


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